INT reivindica exceção para concurso

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Conhecido pela prestação eficiente de serviços e grande competitividade na indústria brasileira, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), corre riscos de perder o ritmo de sua produtividade por falta de pessoal. O alerta é do diretor da instituição, Domingos Manfredi Naveiro.

O diretor do INT informou que solicitou ao Ministério de Ciência e Tecnologia 250 vagas, em cargos dos níveis médio, médio/técnico e superior, e que a pasta está sensível ao pedido, aguardando um parecer favorável, apesar do anúncio de adiamento das seleções.

Segundo Naveiro, o anúncio de cortes no âmbito federal deveria ser revisto, pois há setores funcionando no INT com apenas dois servidores, prestes a se aposentarem. "Entendemos que a máquina pública é composta por vários ministérios, mas é fundamental que os governantes tenham um olhar mais atento para a área de Ciência e Tecnologia, pois se a inovação é a mola-mestra do futuro do país, assim como a Saúde e a Educação, é importante termos pessoal para alcançarmos o futuro que queremos construir", ressaltou.

Um dos questionamentos do diretor é quanto ao alegado inchaço da máquina pública. "Onde estão esses servidores? Posso afirmar que no âmbito do MCT e aqui no Instituto não estão, muito pelo contrário."

FOLHA DIRIGIDA - Vemos, hoje, um grande investimento na área de Ciência e Tecnologia. O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) possui pessoal suficiente para atender à demanda?
Domingos Manfredi Naveiro -
Gostaríamos que acontecesse uma reposição de pessoal, mas infelizmente isso não está acontecendo, o que nos deixa muito preocupados, já que a idade média das nossas equipes de servidores públicos é alta. Não está acontecendo a devida reposição. Pela demanda, posso afirmar que poderíamos dobrar o número de nossos servidores, e teríamos todos eles ocupados em atividades tecnológicas, para atender ao conjunto das demandas que temos. É uma carência muito importante para observarmos hoje, porque sem pessoal, que é o bem máximo de uma organização, não temos condições de manter uma proposta para que as pessoas que estão em fase de se aposentar, tenham uma possibilidade de continuar contribuindo aqui. Existe demanda, mas não temos uma continuidade em matéria de concursos públicos. Agora, com esse contingenciamento, não teremos contratações este ano. A área de Ciência e Tecnologia tem uma situação muito mais grave, porque nos últimos anos não tivemos uma reposição. O último concurso foi há dois anos, com um número insignificante. Saem 100 pessoas e entram 20, é mais ou menos nessa proporção.


Como o senhor recebeu essa notícia do adiamento de contratações?
Essa notícia é ruim, porque não conseguimos ter uma expectativa de reposição, o que significa que se continuar nessa curva, daqui a curto, médio prazo, nossas equipes estarão muito pequenas, sem condições de usufruírem de toda uma infraestrutura, de todo investimento que está sendo feito na área de Ciência e Tecnologia, o que afetará sobremaneira os nossos resultados.

O senhor já fez algum pedido de concurso público ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)?
Fizemos o pedido ao ministério. Entendemos que a máquina pública é composta por vários ministérios, é muito dinâmica, mas é fundamental que os governantes tenham um olhar mais atento para a área de Ciência e Tecnologia, pois se a inovação é a mola-mestra do futuro do país, assim como a Saúde e a Educação, é importante termos pessoal para alcançarmos o futuro que queremos construir. É interessante perceber que dentro desse universo do governo federal dizem que o serviço público está inchado, está com muitos servidores. Onde estão esses servidores? Posso afirmar que no âmbito do MCT, e aqui no Instituto, não estão, muito pelo contrário. É interessante também ressalvar que há uma demanda boa, não só para a área técnica, mas estamos necessitando de profissionais para a área administrativa, muito mais que no ano passado. Hoje um engenheiro de manutenção do INT é obrigado a ter conhecimento de microscópio, de equipamentos, quando não tinha ano passado, o que mostra um sistema mais completo. Nossa rede de informática está defasada. É uma demanda muito forte. É necessário que tenhamos uma equipe muito bem formada, com instrumentos de informática.

O senhor solicitou quantas vagas?
Esse pedido foi de cerca de 250 vagas, em cargos dos níveis médio, médio/técnico e superior. A demanda aqui é geral, para atender a todas as áreas (administrativa e técnica) de uma forma fundamental. A área de Jornalismo Científico, por exemplo, é uma em que temos uma carência enorme de profissionais para comunicar e fazer uma difusão do conhecimento. É uma área em que estamos investindo e solicitando vagas. Os últimos concursos ofereceram vagas muito aquém das nossas necessidades e tivemos que priorizar as áreas técnicas, que geram resultados para a sociedade. Mas temos áreas como a de Comunicação, Manutenção, Recursos Humanos, Orçamentária, Engenharia, ou seja, todas as áreas estão defasadas. Se hoje temos cerca de 240 servidores, estamos solicitando duplicar esse número. O INT, na década de 70, tinha 700 servidores públicos, e hoje estamos em uma curva descendente, que, nos últimos anos, vem descendo muito. O número vem descendo ainda mais porque muitos vêm se aposentando.

O governo mostrou-se favorável à realização desse concurso?
A sensibilidade do Ministério da Ciência e Tecnologia existe. A coordenação geral de Recursos Humanos do ministério tem esse quadro. Só que quando chega dentro do Ministério do Planejamento, a briga é maior, porque tem outros ministérios na briga, como Saúde e Educação. Mas eu acho que deve haver uma priorização por parte do governo para termos um aumento interessante, para dar uma sobrevida às equipes. Acho que agora o Ministério da Ciência e Tecnologia tem que ser olhado como prioritário, se não todo o nosso avanço pode se perder.

Quais são os prejuízos à população com a carência desses profissionais?
Temos a área do pré-sal. Se perdermos essa capacidade técnica, adquirida durante anos, sem a reposição de pessoal, não vamos conseguir dar a resposta à sociedade nesse ambiente de exploração do pré-sal, assim como de biocombustível. O INT tem uma trajetória na área de biocombustível muito forte, em que temos resultados positivos a longas datas. Se não aplicarmos esse conhecimento, perderemos isso, sendo a sociedade prejudicada. Como instituição tecnológica, temos um viés forte de tecnologia, ou seja, uma relação com instituições que praticam a inovação, como produto e processo novo de mercado.

A área de tecnologia permite a ascensão do profissional?
Com certeza. Posso falar por experiência própria, pois vim de setor privado, e aqui no INT tive condições de fazer meu curso de mestrado, de doutorado, estar sempre me atualizando, participando de congressos. É uma área muito necessária para ter um crescimento e atingir as demandas. Se não tiver uma equipe treinada, interagindo com equipes internacionais, trabalhando com cooperativas, significa que seu trabalho vai ficar aquém do que está sendo trabalhado no mundo. Aqui tem condições, dentro de um planejamento, de incentivar o funcionário. O impacto que temos hoje pela falta de recursos humanos impacta também pessoas treinadas, pois se temos áreas com uma demanda muito grande, não podemos tirar dois servidores do grupo para se especializarem.


Que áreas são mais carentes?
Todas elas. Temos uma carência generalizada. Nossa Divisão de Corrosão, de Química, de Catálise, de Desenho Industrial, de Produtos. São áreas que se encontram com uma quantidade de resultados para a sociedade. Fizemos um demostrativo, que é o Relatório de Atividades, e quem tiver interesse pode olhar nosso site (www.int.gov.br). Temos áreas com um servidor, dois, e prestes a se aposentarem, e não tenho nada a oferecer a esse servidor, para que ele fique na Casa.

E quanto aos salários, são atrativos?
Quando você incentiva a formação (mestrado, doutorado), quando contratamos quanto à especialização. Mas para essa nova geração, temos que ter mais atrativos. Acho que o serviço público vai ter que trabalhar com isso. Os salários variam entre R$697,37 e R$3.475,87.

Como está composto o quadro de pessoal do INT?
Nosso corpo funcional tem em torno de 500 pessoas. Temos hoje um conjunto de servidores bolsistas, terceirizados, contratados por projetos, que dão essa quantidade. É interessante que temos um quadro de involução. Em 1985, tínhamos 405 servidores, em 2010, 229. Somos grandes formadores de mão de obra. Temos pessoas que saíram daqui e foram para a Petrobrás, BNDES, grandes empresas de designer, e empresários que saíram de nossas empresas, mas temos que ter uma parcela desse pessoal ficando aqui como servidor, pois uma bolsa não segura ninguém aqui.


Fonte : Folha Dirigida



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