MCTI: Museu de Astronomia: ótimo Plano de Carreira no Rio

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) abriu concurso para 510 vagas em cargos dos níveis médio e superior. Desse total, 22 são para o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), localizado em São Cristóvão, na capital fluminense. As inscrições terão início no próximo dia 26. FOLHA DIRIGIDA conversou com o pesquisador e coordenador de Educação e Ciências do Mast, Douglas Falcão, que apesar de reconhecer os esforços do governo federal e o crescimento da área de ciência e tecnologia brasileira, afirma que a quantidade de vagas é insuficiente e não suprirá as necessidades do museu.

"A demanda de trabalho é enorme. Essas vagas implicarão no desligamento de terceirizados e na substituição daqueles em via de se aposentar. No final das contas, continuaremos em defasagem." O coordenador destaca que o Mast é uma instituição desafiante: "Nosso trabalho é dinâmico e tem muita visibilidade para a sociedade". Segundo ele, o Plano de Carreira é outro grande atrativo, pois valoriza a qualificação profissional e permite promoções anuais. Em 15 anos pode-se chegar ao topo da carreira.

FOLHA DIRIGIDA - Fale um pouco sobre o Museu de Astronomia e Ciências Afins e sua importância para o país.
Douglas Falcão - O Mast é um instituto de pesquisa que trabalha em quatro grandes áreas finalísticas. Nosso objetivo é ajudar o Brasil a se manter fortalecido dentro dos Brics (acrônimo que se refere aos países membros fundadores, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, protagonistas de atuais mudanças no cenário econômico e político internacional) e aumentar significamente a quantidade de jovens que se interessem por ciências. Nesse sentido, a divulgação de sua história é fundamental. Planejamos desenvolver projetos que sejam capazes de motivar jovens a estudarem e a se tornarem cientistas. Tão importante quanto ter profissionais envolvidos na prática de ciências brasileiras é ter uma população que seja favorável ao uso de verbas públicas para investimentos nessa área.

O mundo está passando por uma grande revolução tecnológica nos últimos anos. Como o senhor enxerga o Brasil nesse cenário? Apesar de o país ser uma das principais economias do mundo, ainda estamos muito atrasados nessa área?
Quem acompanhou o desenvolvimento da ciência brasileira nos últimos 20 ou 30 anos pode verificar um aumento tanto em quantidade quanto na qualidade de nossos trabalhos, que em muitos campos é referência mundial, como por exemplo na área de prospecção de petróleo em águas profundas. Também somos destaque em outras áreas, como aviação, saúde, física e matemática. Porém, ainda há muito por fazer.

Quais são os principais projetos frente ao Mast? Existe alguma proposta em vias de ser realizada?
Na área de Museologia, nosso grande projeto tenta levantar, conservar e sensibilizar as instituições de Ciências do país a preservarem seu patrimônio científico. Para um cientista, quando um equipamento se torna obsoleto, ele quer se livrar daquilo. Mas essa peça tem importância enorme para a história da Ciência do Brasil. Então, um dos papéis do Mast é fazer o levantamento desses equipamentos nos institutos e departamentos das universidades que fazem pesquisas, com o objetivo de conhecer, catalogar e descrever, para podermos estabelecer uma política nacional de conservação nessa área. Na área de Documentação e Arquivo existe todo um trabalho que procura sensibilizar cientistas em final de carreira e famílias de cientistas que já faleceram, no intuito de apresentar à famíla a importância desse equipamento para a memória da Ciência no Brasil. Geralmente tentamos negociar com essas familias a doação desses arquivos. Na área de História da Ciência são projetos que comprovam que a ciência não nasceu há 30 ou 40 anos. Um dos motivos que leva o Brasil a ser do tamanho que é, foi pelo fato de ter havido ciência aplicada na determinação das linhas do território nacional. E na área de Educação e Ciências são pesquisas de divulgação que geram políticas públicas para outras instituições de divulgação de ensino com o objetivo de sensibilizar a população para a ciência e tecnologia. Nosso grande desafio é aumentar o número de profissionais nessa área. Temos mão de obra extremamente qualificada, mas pouco numerosa.

Na sua visão, o governo federal está dando o apoio necessário à área de Ciência e Tecnologia?
Eu diria que nos últimos 20 anos está havendo uma mudança de postura e uma consequente valorização da área. Isso é inegável. Antigamente reclamávamos muito de recursos insuficientes. Mas em comparação com outros países, o Brasil ainda investe pouco. Também é preciso olhar com carinho para a educação. A mão de obra para trabalhar em ciência, tecnologia e inovação é dependente de estudantes que chegam ao ensino médio com bom aproveitamento. Não podemos ter "ilhas de excelência", mas sim um sistema de ensino ideal para todos. A nossa média na área de educação é muito ruim. Se o Brasil não investir seriamente durante 20 ou 30 anos em educação, todo esforço feito pela melhoria das condições da ciência brasileira terá sido em vão.

Como está composto o quadro de pessoal do Mast? Quantos são concursados, temporários e terceirizados?
Não temos nenhum temporário. Nosso quadro é composto por 133 funcionários, sendo 66 servidores e 67 terceirizados.

Como a carência de pessoal vem atrapalhando o trabalho desenvolvido pelo Mast?
Em todas as áreas. Não só nas finalísticas, mas também no que tange o setor administrativo. No sistema público, assim como em qualquer área, todos os setores são muito dependentes do administrativo. Sendo assim, quando temos um projeto de pesquisa e precisamos comprar um equipamento específico, é para o administrativo que fazemos a solicitação. Quando se tem poucos profissionais na área, a qualidade do trabalho final fica comprometida.

Quais são os prejuízos que um grande número de terceirizados traz ao Mast?
Muitas das informações que circulam nas instituições públicas possuem teor sigiloso. Um dos objetivos do concurso é diminuir a quantidade de terceirizados, por conta de certas atividades que não podem ser desempenhadas por esses profissionais, por causa desse caráter sigiloso. Com isso, acontece a sobrecarrega do trabalho do pesquisador e de outros servidores que em princípio não possuem essa função e acabam tendo de executá-la por causa de problemas dessa natureza.

O senhor sabe quantos funcionários poderão se aposentar nos próximos dois anos? Qual a média de idade dos servidores do Museu de Astronomia e Ciências Afins?
Nos próximos dois anos, 15 funcionários devem se aposentar. A média de idade no Mast está na faixa dos 41 aos 50 anos.

O quantitativo destinado ao Mast vai suprir as necessidades?
Muito pelo contrário. Boa parte dessas vagas, como no caso dos assistentes em ciência e tecnologia, irá implicar no desligamento automático dos terceirizados para diminuirmos esse problema. No caso das outras vagas, substituirão aqueles que já se aposentaram. No final das contas, ao longo do tempo estaremos com menos funcionários. Essa distribuição de vagas é uma "foto" de algum tempo atrás. Depois de tirada, outras pessoas saíram e se aposentaram. Então, de fato, estaremos sempre em defasagem.

A maior demanda de pessoal ocorre nos cargos técnicos ou na área de apoio?
A área em que mais necessitamos de reforços é a administrativa. O que não quer dizer que não há carência na finalística. A demanda de trabalho está muito grande. As pessoas ainda têm em mente a visão do funcionário público que não trabalha. Mas garanto que isso não é verdade, e que o número quase sempre é insuficiente.

O Mast investe na formação acadêmica de seus servidores?
Sim. Um dos grandes atrativos para trabalhar aqui é o nosso Plano de Carreira em Ciência e Tecnologia. Então, mesmo entrando como nível médio, já existe todo um mecanismo que valoriza a qualificação profissional desse novo servidor. Caso invista na própria formação, ele pode aumentar consideravelmente o salário, com gratificações advindas de cursos. Por exemplo, alguém que entra como graduado. Se o profissional investe em um mestrado ou doutorado em área de interesse da instituição, pode conseguir formalmente a liberação para estudar. Eu fiz meu doutorado no exterior em uma área de interesse do Mast. Solicitei formalmente à instituição, o pedido foi aprovado, eu pude me ausentar do país por quatro anos, com bolsa da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Fundação Capes, e isso é um mecanismo de motivação.

Qual é o perfil de profissional procurado pelo Mast?
No caso da vaga de pesquisador, procuramos um profissional de Astronomia que além de fazer pesquisas também tenha interesse em divulgar melhor a Astronomia, sensibilizar o público e capacitar melhor os professores de Ciências sobre o assunto. Aqui no Brasil, grande parte da verba investida nas pesquisas é dinheiro público. Então, além do retorno específico do trabalho, ele também precisa dar um retorno à sociedade em geral. E uma das formas desse retorno é estimular esse pesquisador a fazer essa divulgação.

É possível ascender profissionalmente no Mast?
Sim. Um funcionário dedicado pode ascender ao topo em 15 anos. A cada ano você pode elevar de um cargo para o outro, horizontalmente dentro do cargo, e depois verticalmente.

Que mensagem deixaria para aqueles que vão participar do concurso do MCTI e concorrer às vagas destinadas ao Mast?
Temos uma política de grande interação com o estudante. Há quatro anos foi criado o primeiro curso de doutorado na área de Museologia. É uma oportunidade ímpar para quem deseja somar forças dentro de um projeto institucional muito bonito. Fonte : Folha Dirigida



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