Preparação: Administrar o tempo e os estudos: prova de fogo para concurseiros

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Na maratona dos concursos, para muitos a primeira prova de fogo é mesmo organizar o próprio tempo. Há quem desista pelo caminho ao não conseguir conciliar estudo, família e trabalho. Para não ter de enfrentar o desafio de gerenciar atividades diárias que insistem em não caber nas escalas de 24 horas, há candidatos que fazem uma opção radical: juntam algum dinheiro, largam o emprego e passam a se dedicar apenas aos estudos (essa estratégia de preparação já foi tema de reportagem anterior, que pode ser acessada aqui).

Contudo, a maioria dos concurseiros segue sua preparação em ritmo por vezes caótico. Se você é um deles, saiba que há como planejar melhor a sua agenda - de forma a não gerar conflitos familiares ou atrasos que coloquem em risco seu emprego. E o que é melhor: tudo isso otimizando o rendimento dos estudos. A FOLHA DIRIGIDA Online conversou com o professor José Wilson Granjeiro, fundador do Gran Cursos, que falou sobre a realidade da maioria dos candidatos - por vezes aflitos diante de tantas coisas por fazer, em tão escasso período de tempo. A pergunta que o professor mais costuma ouvir é como dedicar-se ao estudo para concurso sem descuidar dos demais aspectos da vida cotidiana. Vamos, então, à resposta?

“Não existe segredo para conseguir levar os estudos adiante com êxito. Também não há uma fórmula única que possa ser receitada para todo mundo. Cada caso é um caso. Todavia, algumas regras servem para todos e podem ajudar a superar as dificuldades quando se decide que é chegado o momento de encarar o desafio. O que leva um candidato à aprovação não é o número de horas que ele estuda, não é a quantidade de horas que ele tem disponíveis, não é a ociosidade, nem o fato de ele não trabalhar, de ele largar o emprego apenas para estudar. Não é nada disso! O que faz o aluno passar e ser classificado é a forma organizada e focada do estudo", afirma Granjeiro, que explica um pouco mais sobre o perfil desse 'ser vitorioso'.

"Esse tipo de aluno tem tudo à mão, ele sabe como estudar, o que estudar, por onde começar, sabe a matéria que irá enfatizar. É um candidato que não perde tempo. A quantidade de horas que estuda não faz a diferença - e sim a qualidade com a qual ele estuda. A qualidade da hora é o diferencial. Há alunos que estudam duas horas e passam bem colocados, outros estudam 12 e não conseguem o resultado, porque são muito dispersos, desorganizados, não estão focados, se distraem muito facilmente... Essas pessoas devem trabalhar melhor a concentração", ressalta o professor.

De acordo com o especialista, em seu dia-a-dia, é possível extrair bons exemplos. "Convivo com milhares de homens e mulheres, alguns muito jovens ainda e outros já bem maduros. Em comum, todos conseguem enfrentar o desafio com sucesso, isto é, acabam alcançando a tão sonhada aprovação para um cargo público, sem deixar de trabalhar ou de fazer sua faculdade ao mesmo tempo em que dedicam algumas horas à preparação para as provas do certame escolhido”, afirma o professor.

Segundo Granjeiro, a situação da maioria dos alunos do Gran Cursos, conforme atesta pesquisa feita há algum tempo pela escola, revelou serem os alunos desse perfil de 'múltiplas atividades' 65% dos que se matriculam nos cursos. A realidade não é diferente em outros cursos. “Mesmo que não dispuséssemos da pesquisa, bastaria olhar à volta, nas salas de aula ou em qualquer um dos nossos espaços de convivência, para verificar que essa é, de fato, a nossa realidade”, ressalta.

De acordo com o especialista, pouquíssimos são aqueles que não têm outra preocupação senão a de estudar para concurso público. Eles são exceção, seja por terem condições de se manter durante algum tempo com algum tipo de renda que não dependa de um emprego formal, seja por conseguirem economizar o suficiente para se sustentar durante certo período sem trabalhar, ou ainda por contarem com renda proveniente de algum patrimônio já existente. Há ainda, nesta mesma categoria, o caso mais comum entre os mais jovens, que podem se dedicar só aos estudos graças ao suporte financeiro da família.

O mais comum, contudo, é mesmo o concurseiros que, antes mesmo de se dar bem nas provas, precisa ser aprovado na maratona que o leva a conciliar os estudos, nos cursos ou em casa, ao trabalho, à família e, claro, ao lazer. “Cada um tem de encontrar a própria fórmula de sucesso. Falo por experiência própria. Fui um estudante pobre, filho de imigrantes nordestinos, membro de uma família de muitos irmãos, que precisavam sobreviver na Brasília dos primeiros anos da cidade. Vivi uma época muito mais difícil do que a de hoje, quando não se dispunha dos meios e dos recursos tecnológicos, como celular e internet. Nesse ambiente, ainda antes da adolescência, enfrentei o trabalho duro de ajudante de pedreiro de meu pai, ao mesmo tempo em que estudava em escola pública. Depois, já rapaz, segui trabalhando em escritório e estudando por conta própria, em casa e bibliotecas. Já existiam alguns poucos cursinhos, porém eu não reunia condições financeiras para pagar por eles. O fato é que, para conseguir levar adiante os estudos, trabalho e preparação para concursos, é preciso desenvolver algum tipo de esquema que permita uma boa divisão das horas”, pondera Granjeiro.

Para o professor, o candidato deve compreender que quando decide fazer um concurso, é preciso ter dedicação total, e qualquer esforço valerá a pena para alcançar o objetivo. "Quando o candidato está nesta empreitada, ele deve entender que não terá mais lazer, feriado, final de semana. Isso tem que ser muito bem combinado com a família, amigos. É uma fase, é como se ele estivesse estudando para o vestibular, onde ele também abre mão de muitas coisas, como baladas, atividades sociais, e no final vem a recompensa. O sacríficio é necessário para que se mereça o cargo público. Dedique-se", declarou Wilson Granjeiro.

A grande dedicação aos estudos pode, por vezes, gerar conflitos ou ciúmes entre conjuguês, pais e filhos, abalar as relações familiares. Neste sentido, é importante que a meta 'passar em concurso' seja um projeto de toda a família, e não apenas do concurseiro. "Quando acontece esse abalo é porque houve um erro, antes de entrar nessa empreitada, o candidato deve combinar tudo com a família, como eu fiz na minha vida de concurseiro; expliquei a todos que teriam que entender minha ausência. Tem que ser um projeto de toda a família, isso tem que ficar muito claro. O candidato irá ganhar com a aprovação e todos que o cercam também. Vão ganhar conforto, estabilidade, os benefícios são para toda a família. É um investimento de tempo, dinheiro. Muitas vezes o concurseiro tira o dinheiro da própria comida para ser recompensado no futuro. É uma perda agora, para um ganho no futuro", defende o professor.

Ainda de acordo com ele, para começar, é preciso saber escolher o concurso que melhor se encaixa nos planos para o futuro e decidir a preparação mais indicada para o caso. Feito isso, é necessário planejar a divisão do tempo racionalmente. Então, tudo transcorrerá mais fácil e naturalmente, transformando o que parecia impraticável em mera rotina de vida durante não mais do que alguns meses, até a aprovação.

“Não recomendo a estratégia de estudar diariamente o absurdo de dez a doze horas seguidas, pois o efeito será certamente contrário ao desejado. Não duvide: práticas como essa acabam em estresse e fracasso. O correto é reservar para as aulas no curso escolhido aquele tempinho que todos sempre temos disponível. Alunos não ficam mais do que quatro horas em sala de aula, pela manhã, de tarde ou de noite. Para completar a preparação, basta destinar mais algumas horas de estudo em casa, em qualquer tempo que sobre, para fixar as lições e fazer exercícios. A escolha da carreira certa também é fundamental. Se o candidato escolher concursos com as matérias de que mais gosta e melhor domina o aprendizado será facilitado", comentou o professor.

Granjeiro explica que, de qualquer forma, independentemente da estratégia adotada, o que mais importa é que se tenha o concurso público realmente como um objetivo de vida. É preciso que a pessoa queira, de fato, passar e faça disso o seu principal objetivo. É necessário manter o foco, seguir em direção ao alvo, sem se deixar desviar do rumo traçado. Em outras palavras, deve-se estar determinado a alcançar a meta da aprovação e disposto a encarar e vencer qualquer dificuldade que possa surgir pelo caminho. Quem assumir essa postura terá sucesso, mas só poderá relaxar depois que o grande momento acontecer: a aprovação.

“É claro que vale a pena. Que o digam nossos alunos que acabam de passar em um dos concursos mais concorridos dos últimos tempos, o do Senado Federal, que teve mais de 150 mil candidatos em todo o Brasil. Imagine o que sentem eles agora, de posse do resultado, vendo seus nomes na lista de aprovados! Agora é só esperar a nomeação e tomar posse, para desfrutar dos benefícios de um belo salário, da estabilidade no emprego, de um confortável e moderno ambiente de trabalho, das vantagens que o cargo público oferece, entre elas um novo status. É um prazer inenarrável, e posso falar de cadeira, pois vivenciei esse sentimento oito vezes em minha mocidade, depois de passar em oito concursos diferentes. Sim, valeu a pena o sacrifício – se é que foi sacrifício –, e certamente faria tudo de novo se fosse preciso, dirão esses futuros servidores", concluiu.


O exemplo de quem se organizou. E superou as dificuldades

Lia Salgado é um exemplo de superação. Com quatro filhos decidiu mudar radicalmente sua vida e conseguiu. Hoje em dia é fiscal de rendas do município do Rio de Janeiro, cargo que, no último concurso realizado em 2010, teve salário inicial de R$11.439,60 anunciado no edital. Confira, no relato especialmente enviado para a FOLHA DIRIGIDA Online, como Lia conseguiu conciliar os estudos à atribulada vida pessoal, em busca da classificação no concurso. E, o melhor, o que fez para chegar lá.

"Quando comecei a estudar, meus quatro filhos tinham 3, 6, 13 e 16 anos. Eu estava separada e com uma situação financeira bastante complicada. Como não encontrei boas perspectivas no mercado privado, busquei uma alternativa que dependesse apenas do meu esforço - parti para os concursos públicos. O início foi bem difícil, porque eu não sabia como estudar. Apenas assistia às aulas e o resto do tempo era tomado com o trabalho e o cuidado com os filhos. Todo o primeiro ano foi assim. A partir do segundo ano eu comecei a amadurecer como concurseira e percebi que o estudo fora da aula era essencial para sedimentar o conhecimento.

No total, eu estudei durante três anos, fui reprovada três vezes, desisti uma e, depois que retornei, fui aprovada em quinto lugar no concurso para o fiscal de rendas no município do Rio de Janeiro, onde sou servidora há 9 anos. Três coisas foram fundamentais para que eu desse um salto de qualidade na minha preparação: passar a estudar em bibliotecas, fazer um planejamento de horários e matérias a serem estudadas a cada mês, e fazer atividade física regular. Sem saber, eu tinha descoberto o caminho para vencer a maratona dos concursos públicos.

Por isso mesmo, terminei escrevendo um livro - Como Vencer a Maratona dos Concursos Públicos - compartilhando a minha trajetória e passando orientações básicas para quem está nessa jornada. É o registro de que concurso público é para pessoas comuns e que quem vence também enfrentou dificuldades no percurso. O número de horas que se deve estudar só pode ser estabelecido de acordo com a realidade de cada candidato. É preciso criar uma rotina que inclua o estudo, mas não comprometa a saúde e o equilíbrio (sono, alimentação e outras tarefas), porque a aprovação pode levar meses ou até alguns anos.

Assim, o importante é manter a qualidade e a continuidade do estudo. Se o candidato faz um estudo antecipado, das matérias básicas da área de concursos escolhida, ele pode ir acumulando o conhecimento aos poucos, dentro do seu ritmo. Quando estiver bem nas básicas, terá condições de concorrer aos editais que surgirem, incluindo apenas as específicas daquele concurso. O fim de semana pode ser dedicado ao estudo se a pessoa tiver pouco tempo durante a semana. Mas é importante reservar um dia ou, ao menos, parte de um dia para o lazer e para estar com a família e/ou amigos. Porque, caso contrário, com o tempo o desgaste pode se tornar insuportável levando o candidato a querer desistir do processo. Ou até gerar conflitos familiares.

É importante que a família esteja ciente e, se possível, aprove e participe do projeto, que é passar em um concurso público. Se puder ser assim, será ótimo! Mas, há casos em que esse apoio não existe e o concurseiro precisa seguir mesmo assim. O projeto é individual e é importante ter condições de se manter motivado independentemente de apoio externo. Por outro lado, a família sofre também, pela ausência do concurseiro, que está ocupado estudando, e pela insegurança quanto à aprovação. E quem está fora do processo não entende muito bem o mundo dos concursos. Então, caberá ao concurseiro compreender o sentimento dos familiares, sem se deixar abater pelas cobranças que possam surgir. Quando a aprovação chegar, todos perceberão o quanto valeu a pena." Fonte : Folha Dirigida



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