Mais um passo já foi dado rumo à realização do concurso para inspetor penitenciário da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap-RJ): embora a formalização do contrato ainda não tenha ocorrido, a Fundação Ceperj foi a escolhida para organizar a seleção, que vai oferecer 800 vagas para ambos os sexos. Conforme informou o diretor do Departamento de Pessoal da pasta, Lemuel Gomes Moreira, já foram realizadas algumas reuniões com a instituição para discutir detalhes do edital, que deverá ser divulgado em agosto.
Apesar de a verba destinada à seleção já constar no Orçamento deste ano, para que a expectativa de publicação seja alcançada, a Seap-RJ irá solicitar à Secretaria de Planejamento (Seplag), até o fim deste mês, a autorização formal. Após o parecer da Seplag, será necessário o aval do governador Sérgio Cabral, que já havia manifestado à FOLHA DIRIGIDA posição favorável à realização da seleção em diversas ocasiões.
O cargo será aberto a candidatos de nível médio, com carteira de habilitação na categoria "B" e altura mínima de 1,60m (homens) e 1,50m (mulheres). A contratação será feita pelo regime estatutário, que proporciona estabilidade profissional. Outro atrativo é a remuneração inicial, que conta com reajustes programados pelo governo.
O edital do concurso já deverá reservar 20% das vagas (160) para negros e índios, já que o governador publicou no último dia 7, no Diário Oficial do estado, um decreto estabelecendo cotas em concursos públicos.
A remuneração inicial da carreira, tendo como base o mês de junho, é de R$2.750,28, incluindo salário iniciais de R$2.717,28 vencimentos e R$33 de insalubridade. Em 2014, os inspetores receberão de R$3.983,67, além da insalubridade.
Segundo o Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio de Janeiro (SSSP-RJ), o regime de plantão regulamentado dos inspetores penitenciários é de 24 x 72 horas, e não de 12 x 36 horas.
Etapas - Como já havia destacado o titular da Seap-RJ, Cesar Rubens Monteiro de Carvalho, os interessados podem tomar como base o edital da última seleção, realizada em 2006.
Na ocasião, os candidatos realizaram provas objetiva e de capacidade física e exame psicotécnico. A primeira, de caráter eliminatório e classificatório, abordou 50 questões, sendo 10 de Português e 40 de Conhecimentos Específicos. Garantiu aprovação quem obteve, no mínimo, 50% de acertos.
Servidor fala do dia a dia da profissão
Os 21 anos de atuação como inspetor penitenciário da Seap-RJ, que serão completados por Alcy Coutinho no próximo dia 25, refletem em uma trajetória profissional de dedicação e satisfação. E a experiência o faz destacar que a carreira requer muita responsabilidade e, sobretudo, algumas virtudes.
"A profissão é de extremo estresse e muita responsabilidade. Para ser inspetor, o cidadão tem que estar provido de múltiplas qualidades. São necessárias aptidões para educar, cuidar, proteger e vigiar. São muitas atividades incorporadas a uma única pessoa. É preciso ter equilíbrio emocional e ser destemido", destaca.
De acordo com ele, é necessário ter vocação para exercer a atividade, uma vez que a linha que nos separa da lei e da criminalidade é muito fina, conforme afirma. "Se os profissionais não tiverem essa consciência, acabam manchando a profissão, que já é vista com preconceito. A população, por falta de conhecimento e por se deixar levar por falsas informações, nos compara ao próprio preso. É lógico que, como em qualquer outro lugar, há os bons e os maus profissionais, mas não se pode generalizar", diz.
Alcy Coutinho acrescenta que, com exceção de algumas particularidades, os inspetores seguem uma rotina: "Ao entrar na unidade, depois de estar uniformizado e ter rendido os postos, fazemos a conferência de presos, providenciamos que seja oferecido o café da manhã. Encaminhamos os internos que têm direito ao banho de sol. Além disso, há visita com os advogados; atendimento psicológico, social e de aprendizado escolar (algumas unidades possuem escolas), almoço, lanche. Além disso, é preciso ver se alguém necessita de atendimento médico. Esse conjunto de atribuições é o que determina a nosso dia a dia", relata.
O profissional destaca que a questão salarial é o aspecto mais positivo da carreira. Quanto à escala de trabalho, que é de 24 horas por 72 horas de descanso, ele destaca os três dias de folga são necessários para que o profissional se recomponha. "O inspetor penitenciário é o mais bem remunerado cargo da área de Segurança Pública. Sobre a nossa jornada, se você fica 24 horas dentro de uma unidade prisional, certamente no dia seguinte você não sai muito bem. Esses dias são necessários para o descanso", avalia.
Fonte : Folha Dirigida
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