Roberto Musa Correa tem 40 anos e, segundo o próprio, sempre teve uma vida descompromissada. Começou uma graduação em Engenharia e não concluiu. Iniciou Direito, trancou, voltou. Levou dez anos para se formar. Durante a faculdade, administrou uma loja de alimentos e depois trabalhou com Telecomunicações e Informática. Foi após o término da graduação que ele decidiu que era hora de dar um rumo na vida. Em 2000, resolveu, então, se dedicar inteiramente aos estudos e recuperar o tempo perdido. Entrou para a Escola da Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj). Lá, diz ele, aprendeu a se disciplinar. Em 2001, Roberto deu o passo inicial para a sua transformação: fez a prova para a Caixa Econômica.
"Fui bem na prova, mas fiquei em uma colocação baixa e, com isso, perdi um pouco as esperanças. Quem quer passar em concurso público tem que ter disciplina e eu tinha dificuldade com isso. Fiz a prova para a Advocacia-Geral da União (AGU) e para a Petrobrás. Nesse último, fiquei sem entrar por poucos décimos. Ia interpor recurso, mas aí eu recebi o telegrama da Caixa e foi a minha grande salvação."
Salvação não é exagero. Era o ano de 2003 e ele conta que já estava com problemas financeiros e vivia uma época difícil. Mas, ainda assim, resolveu casar. "Desempregado, sem ter passado em concurso e casando. Foi no fim do ano e foi inesperado, pois eu já tinha esquecido. Lembro que estava me vestindo para sair e o porteiro interfonou avisando sobre um telegrama. Minha sogra me entregou, mas eu não dei importância. Ela insistiu para que eu abrisse e era o telegrama da Caixa. Eu me emocionei e chorei muito. Aqui, estou tendo a oportunidade de me encontrar. Sou muito grato à Caixa. Quando você se encontra, você aprende a viver. Não gostava de trabalhar, não levava nada a sério. Trabalhar era um fardo. Hoje em dia, não é. Gosto de estar aqui, gosto das pessoas com quem convivo, gosto dos desafios. Minha vida mudou da água para o vinho. Ou melhor, do vinho para a água, porque eu também bebia muito e hoje em dia não bebo mais. Além disso, parei de fumar. Faço natação, procuro cuidar da minha alimentação e da minha saúde. A mudança pode acontecer na vida de qualquer um, mas o fato de eu ter entrado aqui colaborou muito! Para entrar em um concurso público, não é preciso depender de ninguém. Não precisa de indicação, de entrevista, comuns na iniciativa privada. A pessoa que não se entrega ao trabalho, se engana, porque não dá prazer. É fundamental essa entrega ao trabalho."
Há oito anos na Caixa, Roberto já atuou no Fundo de Garantia e na coordenação de uma equipe jurídica no Maranhão. Com o retorno, teve como incumbência coordenar o Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Há dois meses, ele está como coordenador de tribunais. "Trabalhamos com todos os processos da Caixa Econômica junto ao Tribunal Regional Federal (TRF) e à Justiça estadual. O jurídico tem uma parte construtiva, que trabalha com as agências, e outra contenciosa, que é a maior parte e que trabalha com as demandas da Caixa Econômica."
Sobre o seu dia a dia, o que o advogado diz que mais gosta é lidar com as pessoas e gerenciar conflitos e dificuldades. "O Direito permite isso, possibilita essa interação com as pessoas. Na Caixa Econômica, o advogado tem um papel social importante. Dá para conciliar e atender aos dois lados interessados. Por mais que nós tenhamos as divisões, um processo nunca é igual ao outro. Monotonia, zero."
Orgulhoso, Roberto afirma com convicção: "Vale muito a pena trabalhar aqui! Advogar para a Caixa Econômica é também advogar para a sociedade brasileira. O concurso público pula certas fases da sua vida e te coloca em um novo patamar profissional, e de uma hora para a outra, você sai de uma situação de desempregado ou alguém que está em uma situação difícil e passa a ter um emprego regular. Isso aconteceu comigo. A Caixa Econômica não é perfeita, até porque é uma empresa pública federal em um país como o Brasil, que tem as suas falhas e dificuldades de lidar com alguns assuntos. Mas, por outro lado, a gente tem muitos bons profissionais aqui, muita gente que quer fazer a diferença. Estamos melhorando muito. A Caixa está onde os outros bancos, em geral, não estão e abre conta para todo mundo. Gosto sim de ser advogado da Caixa e não pretendo sair daqui".
Técnico bancário: só nível médio e R$2.558
Além dos cargos de advogado, engenheiro e arquiteto, a Caixa também oferecerá, em seu próximo concurso, vagas para técnico bancário, função que exige nível médio. Para este cargo, o salário é de R$1.784, porém, com os benefícios, como auxílio-alimentação/refeição (R$435,16) e auxílio cesta-alimentação (R$339,08), a remuneração chega a R$2.558,24. Além disso, há participação nos lucros e nos resultados, plano de saúde e plano de Previdência Complementar. Todos os benefícios estão mantidos para o próximo concurso.
Na última seleção, organizada pelo Cespe/UnB, os candidatos passaram por uma prova objetiva, dividida em duas partes: uma, com 30 questões de Conhecimentos Básicos (Língua Portuguesa, Matemática, Ética, Atendimento, História e Estatuto da Caixa e Legislação Específica), e a outra metade, de Conhecimentos Específicos (Conhecimentos Bancários e Noções de Informática). Ambas tiveram caráter eliminatório e classificatório.
A programação é de que o novo concurso aconteça já no primeiro semestre de 2012. O fato foi anunciado pelo próprio presidente do banco, Jorge Fontes Hereda. O objetivo é não deixar que o cadastro de reserva se acabe, já que a validade das seleções em vigência terminam no meio do ano que vem.
A Caixa tem hoje, em todo o Brasil, cerca de 84 mil empregados, mas poderá aumentar seu quadro de pessoal, a partir da recente autorização do Ministério do Planejamento, que permite ao banco ter um efetivo de até 99.024 funcionários. A previsão é de que até o fim do próximo ano aconteçam, aproximadamente, 5 mil novas contratações, por meio de novos concursos e do último.
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