Para quem pretende participar do concurso para o quadro técnico-administrativo do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, que abrange os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, a principal dica é iniciar os estudos antes da divulgação do edital. A recomendação dos especialistas é também a da auxiliar judiciária da área administrativa (sem especialidade) Joseli Clemente de Azevedo, recente exemplo de sucesso nas seleções para o tribunal.
"Sempre dá tempo de entrar em um cargo público. Existem pessoas que estudam há muito tempo e aquelas que desistem porque o concurso está muito próximo, e acham que não vai dar tempo de estudar. O importante é a pessoa se dedicar no tempo que tem, mas o quanto antes estudar, melhor. Por isso, é bom se preparar antes de sair o edital. Essa é a dica que eu dou. O esforço vale a pena", assegura Joseli Azevedo, que participou do concurso de 2007 e alcançou a 16ª posição.
Quase quatro anos após a homologação da seleção, em 21 de dezembro de 2007, a convocação da servidora do TRF gerou, em um primeiro momento, apreensão, segundo ela. "Tomei posse em 28 de julho passado. Quando me chamaram, tanto tempo depois, fiquei pensando se eu havia feito alguma coisa de errado porque o tribunal me ligou e eu nem lembrava mais desse concurso. Mas depois que soube, fiquei muito feliz. Eles ligaram antes de mandar telegrama, para confirmar se ainda queria o cargo. Portanto, foi uma agradável surpresa para mim", assinala.
A auxiliar judiciária, de 33 anos, relatou a sua trajetória de sucesso na maratona que envolve a preparação em um concurso público. "Eu já tinha estudado antes para concurso. Parei mais ou menos por um ano, e depois voltei a estudar. Eu tinha uma base. Esse estudo era para seleções da área jurídica."
"Durante três meses, estudei intensamente para o concurso do TRF. Fazia curso todos os dias, de domingo a domingo. De segunda a sexta, ia para a turma da noite, porque trabalhava durante o dia. Após o curso, quando chegava em casa, repassava a matéria e dormia ouvindo a aula. Gastava umas duas horas de estudo em casa e três no curso. E no sábado e domingo, participava de turmas de exercícios, o dia inteiro. Também já virei a noite estudando, foi bem puxado. Mas todo esse esforço foi válido, pois gabaritei a prova", completa.
A servidora Joseli Azevedo ainda falou sobre o dia a dia no trabalho. "Atuo no serviço médico e faço funções administrativas, como emissão de licenças médicas dos servidores e dos juízes e transferências de processos. O ambiente de trabalho é bem agradável. Tenho nível médio e o TRF dá incentivo para fazer faculdade porque, dependendo da especialidade, troca-se de setor", pontua.
E finaliza: "Tem também programas. No serviço médico, por exemplo, tem o de apoio psicológico, o de tratamento em Odontologia e o antiestresse, com convênios para fazer pilates, entre outras atividades. O TRF cuida bastante da saúde e bem-estar do servidor. Outros diferenciais no órgão são a estabilidade e remuneração".
O concurso - Inicialmente, a seleção é para cadastro nos cargos de auxiliar (ensino fundamental), técnico (médio) e analista (qualquer superior) judiciários da área administrativa (sem especialidade), entre outras carreiras de técnico e analista (veja abaixo). Mas vale ressaltar que o tribunal tem tradição de convocar grande número de aprovados (veja abaixo).
As remunerações, com R$630 de auxílio-alimentação, são de R$2.618,19 (auxiliar), R$4.623,09 (técnico) e R$7.181,52 (analista). Haverá auxílios-transporte e creche, assistência médica e possível adicional de qualificação. O edital deve sair até dezembro, segundo fontes.
Conheça as especialidades de técnico e analista
De acordo com a Secretaria de Recursos Humanos do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-RJ/ES), as demais especialidades dos cargos de técnico e analista judiciários serão abertas. Haverá oferta de vagas iniciais, em carreiras sem concurso em validade, e formação de cadastro de reserva, nas demais áreas. Desse modo, concorrentes com nível médio/técnico e superior em áreas como Direito, Engenharia e Medicina poderão ser beneficiados.
Confira os detalhes do concurso anterior
O último concurso para o Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, que abrange os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi promovido em 2007. Como aquela seleção foi organizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC), que também será a responsável pela próxima, há expectativa de que as etapas e conteúdos programáticos sejam parecidos.
O concurso realizado há quatro anos constou de prova objetiva, para todos, e redação e exame prático (incluindo de capacidade física e de digitação), conforme o cargo em disputa.
Os candidatos a auxiliar judiciário da área administrativa (sem especialidade) tiveram pela frente apenas avaliação de múltipla escolha, com 40 questões de Conhecimentos Gerais (Língua Portuguesa, Matemática, Raciocínio Lógico, Noções de Direito Constitucional e Noções de Direito Administrativo). Foi aprovado quem obteve, pelo menos, nota padronizada (fórmula envolvendo total de acertos na prova e média de acertos e desvio padrão do grupo do exame) igual ou superior a 50.
Já a avaliação objetiva de técnico judiciário consistiu em 60 questões (30 de Conhecimentos Gerais e 30 de Conhecimentos Específicos) e, para analista judiciário, de 60 ou 70 perguntas (20 ou 30 de Conhecimentos Gerais e 40 de Conhecimentos Específicos, conforme a área).
As demais etapas foram redação (analista da área judiciária sem especialidade e em execução de mandados e analista da área administrativa sem especialidade), exame prático (analista de apoio especializado em taquigrafia e técnico administrativo em telefonia e telecomunicações/eletricidade), prova prática de digitação (técnico administrativo sem especialidade) e teste físico (técnico administrativo em segurança e transporte).
A validade da seleção de 2007 expira nos dias 21 de dezembro (analista, auxiliar e técnico em Contabilidade, Informática e operação de computadores) e 15 de janeiro (demais modalidades de técnico). Apesar de terem sido abertas apenas 11 vagas iniciais, já foram nomeados, até o último dia 17, 869 servidores (120 no Espírito Santo e 749 no Rio de Janeiro).
Silêncio afeta toda a sociedade
A polêmica em torno da falta de informação sobre a previsão de divulgação do edital da seleção para auxiliar, técnico e analista do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, que contempla o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, foi abordada por especialistas em concursos públicos e pelo presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Ernani Pimentel.
De acordo com eles, além de trazer prejuízos aos futuros candidatos, a ausência de notícias sobre o cronograma é maléfica para o processo do concurso em si e para o próprio tribunal, que busca recrutar servidores bem preparados. Desse modo, a própria sociedade, que é atendida pelo serviço público, pode ser afetada.
Ernani Pimentel - presidente da Anpac
"Quanto mais cedo o candidato pode se preparar, melhor para o órgão, porque vai ter pessoas mais bem preparadas. Portanto, o TRF terá condições de selecionar concorrentes mais condizentes com os conhecimentos que são exigidos nos cargos. Então, é importantíssimo para os órgãos que, quando falem da abertura de um concurso, já mostrem, pelo menos, quando será a prova e qual será o programa. O candidato não perde nada com isso e a instituição só ganha divulgando essas informações. Depois, o órgão pode perder tempo para organizar o edital. Mas as datas de divulgação do edital, da prova e a matéria a ser estudada deveriam ser divulgadas o mais cedo possível, nunca com menos de 120 dias do exame. Desse modo, haverá tempo para o candidato estudar. Essa é a opinião da Anpac. O que o aluno precisa é a matéria e saber quanto tempo vai ter para estudar, apenas isso. A falta de informação faz com que o órgão tenha candidatos menos preparados e, assim, ele e a sociedade acabam perdendo."
Carlos Eduardo Guerra - especialista em concursos públicos
"O administrador público tem que ter consciência de que hoje o concurso público lida com muita gente. São milhares de pessoas envolvidas. Então, o administrador público precisa ser o mais transparente possível. A informação de previsão de edital é essencial para que as pessoas se preparem. Essa é a crítica que faço ao administrador. É preciso que ele saiba que o número de candidatos é muito grande, ainda mais nesse concurso do Tribunal Regional Federal. Ele está na casa de centenas de milhares. Esse administrador tem que ter consciência disso, da função que ele representa no certame. Por outro lado, quero dizer ao candidato para que isso não sirva de desânimo, porque tem que estudar. Ele tem que estar alheio a essa data de divulgação. É óbvio que ela ajuda no planejamento, mas, de qualquer maneira, ele tem que estudar e fazer a parte dele, porque, quando o edital sair, terá de estar preparado. Quanto melhor estiver preparado o concorrente, melhor o órgão público estará atendido."
Paulo Estrella - especialista em concursos públicos
"Por um lado, é sinal de que o edital não vai ser feito de maneira corrida, vai levar um tempo para ser montado. E esse tempo a mais é a garantia de mais tempo de estudo para o candidato. Se fosse tudo feito a toque de caixa, haveria menos tempo para estudar. Saiu a banca, e isso é um grande sinal. A Carlos Chagas trabalha com questões relativamente simples e valoriza a memorização. O candidato, sabendo que o edital pode sair a qualquer momento, tem de cair dentro dos estudos e acelerar o processo de preparação, como se a prova fosse aplicada daqui a dois meses. Mas a falta de previsão de divulgação do edital é ruim porque, se o TRF se recusa a dar uma previsão, é sinal de que o processo está bem no início. O candidato, sabendo quando sai o edital, se prepara melhor. Isso é bom para ele, para o órgão e para a sociedade. Quanto mais cedo o órgão define, mais tempo o participante tem, e isso é bom para o serviço público. Caso contrário, o concorrente não tem o tempo para dividir a programação e, se ele superestima o prazo, corre o risco de não estudar alguma disciplina."
Rosangela Cardoso - especialista em concursos públicos
"O grande problema é a instabilidade que causa ao candidato, o qual não se prepara bem sem o conteúdo específico. A grande preocupação é essa: que o candidato fique mal preparado, interferindo assim na avaliação. O concurso do TRF atrai muitos candidatos, e precisa de uma atenção especial. Sabendo o tempo de divulgação do edital, mesmo que seja uma previsão, o candidato pode planejar melhor o estudo e fechar uma grade de programação com um tempo delineado para cada matéria. É lógico que é preciso estudar independentemente dessa situação. Contudo, estudando focado nos tópicos específicos do concurso, o candidato tem um aproveitamento melhor, o que refletirá na hora da prova, e desta forma o tribunal e a sociedade ganham com um servidor mais qualificado e eficiente na prestação do serviço público. Independente de divulgação de cronograma, o candidato tem como base o último edital, o que ajuda bastante. Em relação aos conteúdos referentes às legislações, é necessário estar atento às atualizações até a data da publicação do edital".
Alexandre Lopes - especialista em concursos públicos
"Defendo o máximo possível de transparência. Quando o órgão antecipa a banca organizadora de um concurso, é um bom indicador para quem estuda. O candidato da seleção para o TRF sabe que será a Fundação Carlos Chagas. O ideal seria divulgar o conteúdo programático porque, embora seja a mesma organizadora do concurso anterior, há sempre alterações. A FCC organizou a última seleção para o TRF da 1ª Região, que teve diferenças em relação ao último concurso do TRF da 2ª Região. A falta de informações é ruim e, por isso, a reivindicação do prazo para antecipação do programa é legítima. Ruim, na verdade, é o conjunto de incertezas: previsão de edital, divulgação do conteúdo programático e datas de aplicação das provas. É o contrário do que fez o ministro da Previdência, que anunciou, em outubro, que o edital do INSS sairá em 23 de dezembro. Centenas de milhares de candidatos têm que elaborar o plano de estudo. A falta de informação prejudica a legitimidade do processo de seleção. Mas, independentemente das regras do jogo, o papel do candidato é estudar até passar".
Wilson Granjeiro - especialista em concursos públicos
"A banca organizadora, Fundação Carlos Chagas, já foi contratada e, após esse passo, o órgão deve dar publicidade e divulgar a previsão de divulgação do edital. Caso contrário, será desonesto com o candidato, que é prejudicado. A falta de informações prejudica a inscrição das pessoas, pois pode diminuir o quantitativo de concorrentes. Desse modo, quem perde também é o contratante, no caso o Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Sou a favor da divulgação das informações para os veículos de imprensa, pois os leitores são futuros candidatos e potenciais servidores do órgão. Como professor de administração pública e aprovado em oito concursos públicos, acho essa postura um absurdo. Inclusivo, luto pela moralização dos concursos no Congresso Nacional, pois coordeno um movimento em prol de dois projetos de lei. Um estabelece regras para as seleções e o outro altera o Código Penal, considerando crime as fraudes nos concursos públicos. Os concursos precisam ser levados mais a sério".
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