Atualidades: bancas cobram temas bizarros. Como se preparar?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Responda rápido: qual atriz interpretou a personagem Pereirão na novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, exibida até março deste ano pela TV Globo? A pergunta bem poderia fazer parte de um jogo qualquer de curiosidades ou de palavras cruzadas - daquelas de baixo nível de dificuldade, é claro. Mas, de fato, ela configura uma questão. Uma questão de prova de concurso público. De verdade. Foi aplicada numa seleção para gari, organizada pela Funtef do Paraná para a Prefeitura de Cambé, município no mesmo estado. Fazia parte do conjunto de dez itens sobre Atualidades. Uma ‘disciplina’ presente nas provas de muitos concursos. E que, mais do que um simples enigma, se parece com uma caixinha de surpresas. Por vezes, desagradáveis.

“É comum ouvir queixas dos candidatos quanto à forma de cobrança das chamadas Atualidades. Quando entro em sala sempre pergunto para a turma o que cada um deles acha que poderia ser cobrado nesta parte da prova, e a resposta é sempre unânime: ‘tudo’! E, infelizmente, as organizadoras têm cobrado de tudo mesmo, inclusive questões esdrúxulas. As bancas examinadoras, principalmente as de menor expressão, sem renome nacional, têm exagerado na criatividade, ou contratado pessoas desqualificadas para elaborar essas questões”, critica o professor Jefferson Urani, do Gran Cursos, em entrevista à FOLHA DIRIGIDA Online.

A mesma prova que cobrou conhecimentos sobre a telenovela global abordou, nas demais questões de Atualidades, temas ‘relevantes’ como a música Ai se eu te pego, hit de Michel Teló, e um bordão do programa humorístico Zorra Total, da mesma emissora. Em janeiro deste ano, a garota Luiza Rabello, aquela que estava no Canadá (!) e ganhou fama nacional (!) graças a um comercial protagonizado pelo pai, virou tema da prova na seleção para técnico municipal em Nutrição, na Prefeitura de Jaboticabal, no interior de São Paulo. O fato gerou um novo fenômeno na internet, com milhares de pessoas compartilhando imagens da prova e questionando, nas redes sociais, a relevância de se perguntar, numa avaliação objetiva de concurso, em qual estado reside a referida jovem.

“O grande questionamento a ser feito é sobre qual o tipo de candidato as bancas desejam selecionar? Um que tenha o conhecimento de diversas ciências, tais como História, Geografia, Sociologia, Economia, Ciências Políticas, Relações Internacionais, Meio Ambiente, e que está informado sobre as atuais mudanças e acontecimento do mundo contemporâneo? Ou um concorrente alienado, que só acompanha novelas e revistas de fofocas? A meu ver, o grande objetivo da matéria Atualidades em concurso é selecionar candidatos com domínio dos temas relevantes que permeiam a nossa sociedade. As Atualidades, por vezes chamadas de Conhecimentos Gerais, deveriam servir para selecionar aqueles capazes de enxergar problemas e buscar soluções quando já estiverem dentro do serviço público, utilizando-se da interdisciplinaridade e do saber das relações existentes no mundo”, pondera o professor.

De maneira resumida, Jefferson divide a matéria Atualidades em três grandes pilares: Economia, Política e Meio Ambiente. Durante o ano de 2012, o Oriente Médio/mundo Árabe (sob o foco da Primavera Árabe, do Estado palestino e do programa nuclear do Irã), a crise econômica europeia e suas implicações no resto do planeta e o meio ambiente são os temas mais recorrentes nas provas de concursos. Há boa incidência de cobrança de temas locais, como Paraguai, Venezuela, FARC´s (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e Mercosul.

“O conteúdo das Atualidades é o mais amplo de todos, pois os editais permitem um leque de assuntos que é quase infinito. Prevê o domínio de tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, e suas vinculações históricas. Então, o que estudar? Quais os tópicos mais recorrentes? Normalmente são cobrados temas que foram notícias nos últimos seis meses antes da realização da prova. Mas, atenção! Falo do ‘tema’ e não de ‘notícias’. Por exemplo, tratando de meio ambiente, temos assuntos atuais, como o código florestal, a usina de Belo Monte e a Rio+20. São questões prováveis... Mas, não espere que as bancas cobrem apenas as últimas notícias relacionadas ao tema. Elas buscam relacioná-lo ao passado. Assim, na abordagem do meio ambiente, é possível aparecerem questões sobre as notícias atuais, as quais já citei, ligando-as ao histórico do tema. Quando se fala de Rio+20, por exemplo, a prova pode relacioná-la à Conferência de Estocolmo de 1972, à ECO-92 ou ao Protocolo de Kyoto.”

Mas, então, qual o método mais eficaz para o candidato estudar as Atualidades? “Estudar sozinho não é a melhor solução, pode até surtir efeito, principalmente quando não se pode pagar um bom cursinho, pois é melhor estudar sozinho do que mal orientado, com professores aventureiros e ‘quebra-galhos’. A melhor forma de se preparar é mesmo frequentar um preparatório para concurso – mas não adianta fazê-lo e ficar de conversa em sala de aula, não se concentrar e nem estudar em casa! O melhor caminho é ter o auxílio de um bom professor, pois ele está acompanhando o que de mais importante acontece no mundo, e segue também a tendência das bancas. Estudar atualidades aleatoriamente é atirar no escuro, exatamente devido à vastidão de assuntos. Outra forma, que recomendo muito, é resolver provas anteriores. Elas dão ao candidato a dimensão e a profundidade com que são cobrados os conhecimentos. E, é claro, é preciso assistir a telejornais, ouvir rádios de notícias, como a CBN e a Band News, e acompanhar os principais portais de notícia”, resumiu.

Em sala de aula, Jefferson Urani trabalha principalmente com conceitos relacionados a cada assunto. “O aluno tem que entender esses fundamentos e relacioná-los à parte histórica, para poder compreender o que está acontecendo hoje. Transmito as informações mais recentes e os enfoques que mais costumam cair em provas de concursos, além de trabalhar resolvendo exercícios. E, para quem não tem outra alternativa que não a de estudar sozinho, a melhor dica é dirigir-se a uma biblioteca ou sala de estudos. Enfim, a um local onde se ‘respira’ estudo. Em que, ao olhar em volta, você se sente motivado a estudar, até pela postura dos demais que estão naquele ambiente. E onde o concurseiro não seja perturbado por telefone tocando, televisão ligada ou filho chamando”, conclui o professor.

Por meio de nota oficial divulgada no início de abril deste ano, dias após a aplicação das provas e ainda no início da repercussão sobre a natureza dos assuntos abordados, a organizadora do concurso da Prefeitura de Cambé (PR) afirmou que os "temas de determinada emissora televisiva foram extraídos com base em reportagens publicadas junto à revista Veja e, assim como os demais questões, representavam notícias de atualidade". Em tempo: o nome da atriz que interpretou Pereirão em Fina Estampa é Lilia Cabral. E aí? Como estão seus conhecimentos sobre o mundo da televisão? Você acertaria a questão?

Fonte : Folha Dirigida



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