Nascido no Rio de Janeiro, Rafael Souza colecionou algumas frustrações antes de conquistar a sonhada vaga de auditor fiscal da Secretaria de Fazenda do Estado (Sefaz-RJ). Sua história começa em 1997, aos 14 anos, quando resolveu estudar para o Colégio Naval. Criado pelos avós e incentivado a ingressar na Marinha pelo seu avô, que era militar, Rafael construiu uma carreira como oficial da Marinha do Brasil, onde ficou até 2006. Assista ao vídeo AQUI.
Por "falta de química" com a carreira militar, o carioca surpreendeu seus familiares ao desistir das Forças Armadas e iniciar sua preparação para concursos. "Resolvi fazer concurso para agente administrativo do Ministério da Saúde, ganhando metade do que ganhava anteriormente. Eu era 2º tenente e me tornei o faz tudo do hospital. Muitas pessoas próximas falaram que eu estava maluco, foram contra, mas eu já tinha tomado minha decisão", esclarece.
No entanto, o ingresso no Ministério da Saúde foi só o início da 'carreira' de concurseiro. Após cerca de dois anos e meio carregando caixas e fazendo todo tipo de trabalho braçal no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, Rafael decidiu ser fiscal de rendas, mais conhecido como fiscal do ICMS. Nas primeiras seleções de que participou, no entanto, não teve muita sorte. "Eu viajei para o Amazonas e, por falta de tempo, não consegui passar as respostas para o cartão. Fui ao Rio Grande do Sul e não fui aprovado por uma questão. Também tentei ingressar na carreira pública em São Paulo e no Rio de Janeiro e, mais uma vez, fiquei no quase", conta.
Como ele mesmo diz, "concurso sem desgraça não tem graça". Enfim, em 2009, quando tudo parecia piorar, a maré virou para Rafael. Após ser aprovado no concurso para a Secretaria de Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz-CE), onde ficou até 2012, o carioca, enfim, ingressou na Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro. "Eu já estava até vendo a possibilidade de morar no Ceará. Achei que não iria passar para o Rio. Aí, um amigo me ligou e disse que eu tinha passado. Eu não acreditei. Passei no ICMS-RJ e também para fiscal da prefeitura da cidade, mas preferi trabalhar para o estado. Meu filho tinha acabado de nascer, saí da maternidade para assinar o termo de posse."
Com uma rotina de estudos semelhante à de muitos concurseiros, o carioca, que estudava em bibliotecas públicas, sempre levou a sério os simulados preparatórios para o concurso. "Eu fazia muito simulado, encarava como prova. O concurseiro é um atleta, se ele não se põe à prova, se não simula, chega na hora sem confiança. Eu lia o resumo todo na véspera, estudava até de madrugada para o simulado. Chegou uma hora que, de tanto ler esses resumos, era só folhear que eu já sabia do que se tratava. Foi uma construção mental muito boa", afirma.
Embora tenha encontrado algumas dificuldades pelo caminho, Rafael nunca pensou em desistir. Segundo ele, por tudo que já tinha passado - largado a carreira na Marinha e, depois, a estabilidade em outra cidade -, o que tinha de ser feito era continuar. Voltar, diz ele, significaria que todo o esforço não tinha valido a pena. "Como eu me dedicava, sabia que chegaria a minha vez. Eu sempre tive um mantra: 'Somos somente paz e amor e todo o universo conspira a nosso favor'. E é impressionante que quando a gente se dedica, tudo conspira a nosso favor e, claro, um pouco contra também", brinca.
Após conquistar o que almejava, o carioca se diz, hoje, "em paz". "O trabalho é maravilhoso, o grande barato é que nós temos total autonomia e flexibilidade de horário", afirma Rafael, que após passar no concurso, teve tempo para se dedicar a novos hobbies, como mergulho, surfe e música. "Eu aprendi a tocar violão, fiz curso de mergulho, estou aprendendo a surfar, estudo chorinho e cavaquinho, e agora tenho proposta de viajar para mergulhar com minha mulher mundo afora. Eu conquistei o que queria, por enquanto não quero mais nada. Não acho que estou em uma zona de conforto, na verdade, estou em paz", completa. Fonte : Folha Dirigida
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